A juíza Patrícia Acioli do Rio de Janeiro foi “morta com 21 tiros”. Quando se pretende homenagear alguém em sua morte costuma-se dar “salva de 21 tiros”, se isso tivesse sido feito com a nobre magistrada haveria um fato inédito: ela teria recebido “ato de 42 tiros”. Nesse caso a matemática é exata, mas o trocadilho não é nada cômico, pois se apresenta trágico. Eis uma dura realidade brasileira no que diz respeito ao campo da segurança pública.
Mas, de onde vêm crimes tão bárbaros? Vou tentar aqui fazer uma pequena e despretensiosa análise comportamental. Entendo que tudo na vida tem um processo de crescimento, o que ontem era pequeno, hoje se torna volumoso. Meu discernimento também me faz ver que somos de certa forma, embora não todos, bastante culpados em todo processo de aumento da violência porque acreditamos que existem “crimes pequenos que não valem nada” e crimes grandes que nos chocam.
Porém, aprendi desde cedo que não existe pecado pequeno ou grande, quem peca é pecador; ensinaram-me também que não existe roubo pequeno ou grande, quem rouba 1 Real é ladrão, quem rouba 1 Milhão é também. Ora, seguindo essa linha de raciocínio é possível afirmar que não existe crime pequeno ou grande, quem os comete é infrator, um abusador da Lei.
Assim, e guardada as devidas proporções de impacto, quem dá 21 tiros numa juíza é criminoso, mas quem vende álcool à criança ou adolescente também o é. Mas é comum esse tipo de comerciante criticar duramente o governo e as leis pela insegurança pública. Está certo isso? Quem dá 21 tiros numa juíza é criminoso, mas quem dá a moto ou o carro pro filho adolescente conduzir, também o é. Mas é muito comum ouvirmos esse tipo de pai ou mãe reclamar do governo e da justiça. Está certo isso? Quem dá 21 tiros numa juíza é criminoso, mas o adulto que deliberadamente consome álcool e sai a dirigir carro matando inocentes também o é. Mas é comum ver esse tipo de motorista dizendo que as taxas do DETRAN são criminosas. Está certo isso?
Ao que me parece é que, enquanto todos nós continuarmos achando que a Lei só é boa para atingir os outros e injusta quando nos pega, então vai ser difícil mudarmos o quadro atual, pois as verdadeiras mudanças começam em nós mesmos. Dizer que determinadas ações “não é nada” ou que é “uma besteira”, tem incentivado muita gente a cometer grandes crimes porque se acostumaram a cometer “inofensivos” crimes pequenos.
Deram 21 tiros na Patrícia Acioli, nós também estamos atirando a esmo por ai. Que Deus nos perdoe, se quiser. Amém.
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